BARRIGA (AINDA) MAIS VAZIA PARA OS POBRES

A inflação em Angola manteve em Agosto a trajectória ascendente iniciada em Maio, acelerando para 13,54% em termos homólogos e 2,04% em termos mensais, sobretudo devido à subida dos preços nas rubricas da educação, alimentos e transportes.

O Instituto Nacional de Estatística dá destaque ao incremento da variação homóloga que se situou em 13,54%, quase no limite máximo da meta para 2023, já revista em alta pelo Banco Nacional de Angola, que apontou para um intervalo entre 12 e 14%.

Em termos mensais, o Índice de Preços no Consumidor Nacional (INPC) registou uma variação de 2,04%.

Os dados mostram que das 12 classes de consumo analisadas todas registaram aumentos, entre as quais dez com taxas superiores à unidade.

A classe “Educação” foi a que registou o maior aumento de preços, com uma variação de 6,19%, destacando-se também a subida dos preços das classes “Saúde” com 2,37%, “Alimentação e bebidas não alcoólicas” com 2,19% e “Bens e serviços diversos” com 2,12%.

As províncias que registaram maior variação nos preços foram: Luanda com 2,82%, Lunda-Sul com 2,06% e Namibe com 1,67%.

Dados oficiais (INE) ao pormenor

O Índice de Preços Grossista (IPG) registou uma variação mensal, no período de Junho a Julho de 2023, de 1,91%, sendo 0,25 ponto percentual superior a registada no período anterior e 0,78 pontos percentual superior em relação a registada no mesmo mês do ano de 2022.

A variação homóloga de Julho situa-se em 16,46%, registando uma baixa de 9,26 pontos percentuais com relação a observada em igual período do ano anterior. A tendência da variação homóloga nos últimos 3 anos até ao mês de Março é crescente, invertendo o seu sentido a partir de Abril de 2022.

Durante o mês de Julho de 2023, os preços dos produtos nacionais aumentaram 2,38% comparados com os do mês de Junho, sendo a Secção D – Indústrias Transformadoras que maior aumento de preços registou com 2,45%. Os produtos que tiveram maior variação de preços neste grupo foram os seguintes: Farinha de trigo com 3,68%, Farinha de milho com 3,60%, Gasosa com 3,49%, Cachucho congelado com 3,17%, Carapau congelado com 3,07%, Cerveja com 2,81%, Vinho com 2,51%, Água mineral com 2,46%, Carne de porco com 2,42%, Bloco de cimento com 2,30%, Carne de vaca com 2,07%, Cimento com 1,71%, Sabão em barras e Carne seca com 1,64% respectivamente, Miudezas com 1,53%, Carapau seco com 1,49%, Sabonete com 1,45%, Frigorifico com 1,04% e Cabelo postiço com 0,85% entre os principais A variação acumulada dos produtos nacionais em Julho de 2023 foi de 15,14%.

O Índice de Preços Grossista (IPG) registou uma variação mensal, no período de Julho a Agosto de 2023, de 2,27%, sendo 0,36 ponto percentual superior a registada no período anterior e 1,15 pontos percentual superior em relação a registada no mesmo mês do ano de 2022.

A variação homóloga de Agosto situa-se em 17,79%, registando uma baixa de 6,42 pontos percentuais com relação a observada em igual período do ano anterior. A tendência da variação homóloga nos últimos 3 anos até ao mês de Março é crescente, invertendo o seu sentido a partir de Abril de 2022.

Durante o mês de Agosto de 2023, os preços dos produtos nacionais aumentaram 2,45% comparados com os do mês de Julho, sendo a Secção D – Indústrias Transformadoras que maior aumento de preços registou com 2,52%. Os produtos que tiveram maior variação de preços neste grupo foram os seguintes: Carne de vaca com 3,80%, Carne de cabrito com 3,78%, Caderno escolar com 3,75%, Farinha de trigo com 3,70%, Livro de matemática 2ª classe com 3,66%, Carapau congelado com 3,63%, Lapiseira com 3,59%, Farinha de milho com 3,58%, Gasosa com 3,52%, Miudezas com 3,49%, Lápis com 3,36%, Carne de porco com 3,25%, Corvina congelada com 3,19%, Cachucho congelado com 3,12%, Cerveja com 3,00%, Bagre fumado com 2,76%, Óleo de soja com 2,69% e Sabão em barras com 2,44% entre os principais.

Durante o mês de Agosto de 2023, os preços dos produtos importados tiveram um aumento de 2,21% em relação ao mês anterior, influenciado pela variação de preços verificada na Secção D – Indústrias Transformadoras com 2,24%. Os produtos que mais aumentaram de preços foram os seguintes: Arroz branco agulha com 9,18%, Óleo de soja com 5,29%, Açúcar de cana com 5,15%, Farinha de trigo com 4,22%, Frango congelado com 4,06%, Caderno com 3,62%, Massa alimentícia com 3,20%, Óleo de girassol com 3,09%, Azeite de oliveira com 3,08%, Livro (2ª classe) com 3,06%, Alimentação de crianças com 2,66%, Carne de porco com 2,51%, Papel A-4 com 2,38%, Carne de vaca com 2,30%, Papel químico carbono com 2,28%, Vinho tinto com 2,23%, Atum com 2,22%, Cerveja com 2,21%, Carapau congelado com 2,18% e Bloco de apontamentos com 2,15% entre os principais.

A inflação global do mês de Agosto de 2023 foi de 2,27%, sendo os produtos importados que mais contribuíram com 1,62 pontos percentuais ou seja 71% e os produtos nacionais com 0,65 pontos percentuais o que corresponde a 29% do valor da inflação global.

A inflação dos produtos nacionais em Agosto de 2023 foi de 2,45%. A Secção D – Indústria Transformadora com 1,45 pontos percentuais, foi a que mais contribuiu para a variação de preços dos produtos nacionais. Os produtos que mais contribuíram foram os seguintes: Gasosa com 0,67 pontos percentuais, Cerveja com 0,41 pontos percentuais, Farinha de trigo com 0,04 pontos percentuais, Carne de vaca, Vinho e Sabão em barras com 0,02 pontos percentuais cada, Carapau congelado, Leite em pó e Óleo de soja com 0,01 pontos percentuais cada, entre os principais.

A inflação dos produtos importados em Agosto de 2023 foi de 2,21%. A Secção D – Indústria Transformadora com 2,11 pontos percentuais, foi a que mais contribuiu para a variação de preços dos produtos importados. Os produtos que mais contribuíram foram os seguintes: Arroz branco agulha com 0,30 pontos percentuais, Franco congelado com 0,21 pontos percentuais, Carne de porco com 0,20 pontos percentuais, Farinha de trigo com 0,16 pontos percentuais, Açúcar de cana com 0,12 pontos percentuais, Cerveja e Óleo de soja com 0,09 pontos percentuais cada, Fuba de milho com 0,06 pontos percentuais, Leite em pó e Vinho tinto com 0,05 pontos percentuais cada, Chouriço e Gasosa com 0,04 pontos percentuais cada, Carapau congelado, Carne de vaca e Miudezas com 0,03 pontos percentuais cada, Massa alimentícia com 0,02 pontos percentuais, Bolacha água e sal, Detergente em pó, Carne em lata, Tomate pelado, Sardinha, Óleo de girassol, Óleo de palma, Livro (2ª classe) e Azeite de oliveira com 0,01 pontos percentuais cada entre os principais.

A inflação consiste numa subida generalizada e sustentada dos preços dos bens e serviços consumidos pelas famílias. Numa economia de mercado, o preço dos bens e serviços pode variar em qualquer momento: alguns preços sobem, outros descem.

Existe inflação quando os preços dos bens e serviços aumentam de forma generalizada (e não apenas o preço de alguns itens específicos), e esse aumento é continuado ao longo do tempo.

A inflação afecta-nos a todos porque, com o aumento continuado dos preços, a moeda vai perdendo valor ao longo do tempo. Por outras palavras, precisamos de mais dinheiro do que antes para comprar os mesmo produtos e serviços.

A inflação elevada dificulta a actividade económica porque reduz a previsibilidade necessária às transacções e à celebração de contratos, e implica acréscimos de custos, nomeadamente com actualizações mais frequentes dos preços.

Contudo, as taxas de inflação negativas também prejudicam a actividade económica pois, num contexto de decida prolongada e generalizada dos preços (deflação), as famílias e as empresas tendem a adiar parte do consumo e do investimento na expectativa de que o custo dessas actividades diminua. Se a generalidade das famílias e das empresas adiar as decisões de consumo e investimento, a economia contrai-se devido à redução da procura agregada, reforçando o contexto de deflação.

Preços estáveis são, por isso, benéficos para a economia. Na área do euro, por exemplo, compete ao Banco Central Europeu e aos outros bancos centrais manter a estabilidade de preços. No entanto, estabilidade de preços não significa que os preços não aumentam. Pelo contrário, o Conselho do BCE considera que a estabilidade de preços é assegurada mais eficazmente com um objectivo de 2% para a inflação a médio prazo.

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